Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Mesa da Palavra 27-02-22 - 8º Domingo do Tempo Comum – Ano C - Jesus me recorda a trave que há no meu olho, enquanto observo o cisco no olho do meu irmão.

Mesa da Palavra – 27-02-22 - Ano C – 8º Domingo do Tempo Comum - Jesus me recorda a trave que há no meu olho, enquanto observo o cisco no olho do meu irmão.

 

Naquele tempo: Jesus contou uma parábola aos discípulos: 'Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois num buraco? Um discípulo não é maior do que o mestre; todo discípulo bem formado será como o mestre. Por que vês tu o cisco no olho do teu irmão, e não percebes a trave que há no teu próprio olho? Como podes dizer a teu irmão: irmão, deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu não vês a trave no teu próprio olho? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho, e então poderás enxergar bem para tirar o cisco do olho do teu irmão. Não existe árvore boa que dê frutos ruins, nem árvore ruim que dê frutos bons. Toda árvore é reconhecida pelos seus frutos. Não se colhem figos de espinheiros, nem uvas de plantas espinhosas. O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração. Mas o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, pois sua boca fala do que o coração está cheio. Lc 6,39-45

 

Nesse domingo que vem fechar a primeira fase do tempo comum, antes da pausa para o ciclo pascal, a liturgia da Igreja conclui a leitura do discurso da planície, que começamos a ver há duas semanas. O texto que nos é proposto traz um conjunto de ensinamentos. São sentenças proverbiais usadas como advertências e incentivo para a comunidade cristã manter-se coerente e fiel aos ensinamentos de Jesus.

 

Cá no meu canto, gosto de imaginar que o evangelista, enquanto buscava dados para escrever sua narrativa, ia entrevistando pessoas que conheciam pedaços da vida de Jesus. Alguns desses entrevistados, os mais velhos, até o haviam conhecido e convivido pessoalmente com Ele. Ao ser procurado por Lucas, os olhos de um desses idosos brilhou e foi sorrindo que ele caminhou até o seu quarto e lá do fundo do baú onde guardava seus tesouros, sacou um pergaminho contendo um rol de sentenças que Jesus havia proferido e que ele, analfabeto, tinha ditado a um escriba a quem havia pagado para que lhe registrasse aquelas pérolas ditas pelo Senhor que tinha transformado a sua vida. Além do medo de esquecer as palavras de Jesus, ele queria deixá-las gravadas para que seus netos também o conhecessem. Receber agora aquele médico que estava escrevendo, mais do que sobre a vida, a respeito da Boa Nova trazida por Jesus, era o momento certo para lhe passar o pergaminho guardado por tanto tempo e com tanto carinho.

 

O discurso que Lucas nos traz, desde o início com a proclamação dos pobres como bem-aventurados, convida a uma completa revolução no nosso modo de viver como seguidores de Jesus. A expressão mais comprometedora dessa revolução é a exigência de amor até pelos inimigos e a regra de ouro é “fazer aos outros o que deseja para si”. Sem dúvidas que estamos diante de um projeto de vida revolucionário que é movido pelo amor. O sucesso ou fracasso dele depende da adesão e coerência nossa, como seus seguidores.

 

Nesse pequeno trecho, Jesus nos traz recomendações bem significativas para o nosso dia a dia. Tudo aquilo que desejarmos das pessoas com quem nos relacionamos deverá ser regra de vida para nós. Somos convidados a nos apoiar mutuamente na caminhada que fazemos em busca do Senhor. A nenhum de nós cabe o papel de “mestre” e de “senhor” da situação, apenas ditando preceitos e normas para que os outros cumpram. O nosso dever, em primeiro lugar, é o de examinar como estamos vivendo e qual o testemunho que oferecemos ao mundo para que as pessoas com quem convivo possam se animar a seguir Jesus. Se somos incapazes de reconhecer nossas falhas e não buscamos remendar o que está rasgado em nós, somos iguais àquele homem que tem uma trave no olho e nunca poderemos aconselhar, exortar ou admoestar alguém que também é passível de erro.

 

A trave nos nossos olhos nos impede de enxergar as fraquezas e limitações. Para tirá-la, precisamos pedir ao Espírito Santo que purifique nossos pensamentos, sentimentos e atitudes. Do contrário, Jesus nos lembra, poderemos cair no barranco e levar muita gente conosco. Porque não fazemos isso, é que muitos se decepcionam conosco e têm a fé enfraquecida se afastando do convívio da Comunidade e até culpando a Deus pelas incoerências. Somente assim poderemos nos assemelhar a uma árvore que dá, verdadeiramente, bons frutos ou como um homem bom que tira coisas boas do bom tesouro do seu coração.

 

Pistas para reflexão:

 

– Sou responsável por conduzir alguém?

- Como discípulo missionário, sou exemplo a ser seguido?

– Tenho sido uma árvore boa? O que há no meu coração?

 

Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 24/02/2022
Alterado em 25/02/2022


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