Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


A COR DO DIA

- Que céu mais azul, que dia bonito!

Gastão Gavião, lá do alto do firmamento, canta aos ares saudando a manhã que nasceu há pouco.

- Detesto gente mentirosa. Que céu azul que nada. Tudo amanheceu do jeito normal de sempre. Não que esteja feio, este tom de marrom que a luz do sol, ao penetrar aqui, gera é até interessante.

Lá do fundo da Terra Dona Candoca Minhoca aguça os ouvidos e resmunga o que não é nenhuma novidade, eis que ela está sempre a reclamar de alguma coisa.

- Que estranho isto que vocês dizem, Gastão e Candoca. O dia nasceu em diversas tonalidades de verde. Cada uma querendo se mostrar ainda mais encantadora do que a outra.

Foi assim que, oculto no meio das folhas numa árvore da floresta, Aderbal Bicho Pau balança seu pescoção a discordar dos amigos.

- Sim, é azul o dia que nasce, mas não desse tom que você está apregoando, Gastão. A manhã chega num azul bem forte, bastante profundo, quase preto mesmo.

Exatamente com essas palavras, lá das profundezas do mar, Franco Celacanto dá também o seu palpite a respeito da cor do dia. Nessa hora, Maristela, prestando atenção ao papo se levanta e caminha para a janela. E de lá ela também entra nessa conversa estranha respondendo, mesmo sem ter sido perguntada, bem alto aos bichos:

- Gente, ninguém inventa nada. Ninguém mente. Todos estão certos. A cor do dia só vai depender de uma coisa: do local de onde cada um esteja apreciando a manhã. Sabem que de todo mundo sou eu a mais privilegiada? É que como os meus olhos não conseguem enxergar, posso imaginar todas as cores. Até aquelas mais loucas e mágicas que vocês nunca nem sonharam que poderiam existir.

E foi desse jeito, voltando aos brinquedos no chão da sala, que Maristela trouxe sabedoria àquela conversa matinal.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 20/11/2016
Alterado em 22/11/2016


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