Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos

Haikais desenhados na caminhada da vida

Salta ágil a bola.
Saudade vem de outrora.
Sapeca ela rola.

Colombina e Arlequim,
a sonhar com o carnaval.
Vida se faz festim.

Tensão na teia armada.
Prepara o bote a aranha.
A vida por um fio.

Rua de pedras tão feia.
Ela caminha: toc,toc toc.
Salto preso a freia.

No escurinho as lágrimas.
Na tela rola a emoção.
Grita um celular.

O olhar lacrimeja.
Ventania espalha a poeira.
Gira o redemoinho.

Vento passa frio.
Noite avança acelerada.
Sapo canta no rio.

Garras invisíveis.
Na noite baila a corrupção.
Festança de ratos.

Uma pessoa boa ou má.
Vida e morte, tanto faz.
Sob o solo aqui jaz.

Late a cachorrada.
Avião ruge e solta rastro.
Rompe a madrugada.

Abre-se o coração.
Bondade traz gratidão.
Revoada de anjos.

Goteja o sol.
Salpica ouro na terra.
Chuvisco dourado.

Tricotando a vida.
Há dois lados no bordado.
Verso e reverso.

Canta o violoncelo.
Assombra e assusta o pesadelo
Gata lambe o pelo.

Noite anseia por ficar.
Conflito na madrugada.
Treva e luz em luta.

Ausente presença.
Rostos olham para o nada.
O elevador sobe.

Cinema na noite.
Tela e vida doem qual açoite.
Pipoca engasga.

Reina o sol, redondo.
Vigilante o marimbondo.
Espoca o estrondo.

No meio da rua ela dança.
Loucura carrega histórias.
Bailando a tristeza.

A vida que passa.
Filme segue sem câmera lenta.
Recordar amigos.

Prisão no caminho.
Colar de luz na estrada.
Clausuras na noite.

Noite de mil sonhos.
Amor faz brilhar os olhos.
Estrela cadente.

Dorme e sonha a criança.
Céu arco-íris, pula corda.
Ronco do pai a acorda.

Comida em excesso.
Lá no céu a lua faz sucesso.
Passeia toda gorda.

No caminho as pedras.
Vida a provocar calafrios.
Mãos firmes de pai.

Vírus que se propaga.
Vem e salta tal qual bola.
Fere a África a praga.

Vento limpa o céu.
Pelo ar o café se apresenta.
Dia trazendo sabor.

Lá fora céu cinza.
Cá dentro cheiro toma o ar.
Café vem na xícara.

No ar ressoa o estalo.
Vai triste, trota o cavalo.
Covarde escândalo.

Frio vem e invade a alma.
Triste solidão de inverno.
Noite vira inferno.

Portão Pós-Moderno.
Dentro da casa os mistérios.
Sonhos na oficina.

Barco jaz submerso.
No tempo cinza o opaco olhar.
Segredos no lago.

Pedra no caminho.
Passa a menina em devaneios.
Tropeço no sonho.

Na janela a chuva.
Pelo vidro escorre a lágrima.
Dia nasce chorando.

Árida e longa estrada.
Pés seguem a duras penas.
Mais um dia apenas.

Noite sem abraço.
Lua da solidão é cúmplice.
Um cachorro late.

Avião risca o céu azul.
Para as bandas do sul voa o pássaro.
Brota do morro o dia.

Volta para casa.
Jogo acabou, time perdeu.
A mais longa estrada.

A grávida nuvem gorda
grita ao parir a água da vida.
Chuva abençoa a terra.






 
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 12/11/2016


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras