Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Fuga

Manhã se arrasta insossa;
o brilho da tela a me ferir.
Opto por cerrar os olhos.
Baixar a tampa seria o lógico,
sei, mas fecho as pálpebras.
O dia a carecer de sentido
e essa rotina me emburrece.
O toque do telefone é o sinal,
a chamar para a libertação
e tal qual zumbi saio da sala.
Apanho o elevador lotado.
Corro pelas ruas, sei o rumo.
Molhado de suor, sem fôlego,
bem defronte ao prédio cinza
e, todo descuidado, estanco.
Escalo com aflição a escada.
Mão bate firme na campainha.
Venha rápido, corra também.
Segundos seculares a passar.
Você sabe, eu sei, a aflição.
No olho mágico a surpresa.
A porta e o sorriso se abrem.

 
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 27/07/2015
Alterado em 04/11/2016


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