Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


Jesus nos apresenta um “manual de instruções" para o seguimento e a santidade. Liturgia da Missa - Reflexão para a Mesa da Palavra - Domingo 03 -11-2013 – Ano C - Festa de todos os Santos
 

Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los: 'Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus. Mt 5, 1-12a

A mulher pobre e sedenta chega à beira de um regato. Ao se abaixar o faiscar intenso de uma pedra lhe chama a atenção. Ela a apanha e vê se tratar de lindo e perfeito diamante. Torna-se então uma pessoa muito rica. Nunca mais precisaria se preocupar com o dia de amanhã. Mais à frente um homem, ainda mais pobre, cruza o seu caminho. Faminto lhe implora algo para comer. A pobre abre a bolsa para tirar o pedaço de pão de modo a dividi-lo com o mendigo. É então que ele observa o brilho da pedra dentro da sacola. Imediato, diz à mulher que nem sente mais fome, mas que gostaria mesmo era de ganhar aquele brilhante. Ela então lhe dá o presente e o homem vai pelo caminho saltando de alegria. Afinal, depois de tantos anos passando necessidades agora se tornaria patrão. Teria de tudo e nunca mais iria passar faltas e muito menos seria empregado de alguém! A mulher retoma o caminho e chega em casa. Passado algum tempo um homem, rosto atormentado, lhe chega à porta. Era aquele a quem dera a pedra. Surpresa e com receio de que lhe quisesse roubar, imaginando que em casa haveria outros diamantes, ela lhe pergunta o que deseja.O homem então tira do bolso o brilhante e diz. “Vim aqui para trocar o diamante por aquilo que a senhora possui e que não me deu. Para que me presenteasse com essa pedra tão valiosa, é porque é dona de algo ainda muito mais precioso”.

O Evangelho de hoje nos traz uma receita valiosíssima, muito mais que o diamante, de vida e santidade. Apresenta-nos como que o “manual de instruções” para o seguimento. Não que Jesus seja a favor do sofrimento, da resignação, ou da pobreza. Quem vem trazer vida em abundância não poderá querer que nos contentemos com o pouco ou o menos.

Somos criados para o mais, a santidade. Não para o menor, a vidinha comum e sem sentido. O que Jesus nos apresenta com as bem-aventuranças tem o nome de liberdade. Aquela mesma que fez com que a mulher desse a pedra preciosa encontrada ao mendigo.

Mais do que nos tempos de calmaria, o cristão se revela na crise. Será então, nos períodos em que tudo está tranquilo, o tempo de se fortalecer para enfrentar as dificuldades quando chegarem. E elas, de uma forma ou de outra, sempre vêm.

Algumas histórias de santos parecem nos mostrar vidas tão desencarnadas, tão sem problemas, que podemos até pensar que eles passaram pela vida ao largo dos problemas. Nada mais falso. Para crescer e se santificar há que se passar pela crise.

Mateus começa nos chamando a atenção para a subida de Jesus ao monte. Está aqui uma dica para que aumentemos a atenção. Na Bíblia toda vez que se caminha para alto, ou já se está no cume, é porque irá acontecer algo muito sério.

Aliás, é exatamente isto que temos experimentado seguindo Lucas, na subida do Senhor para Jerusalém. Será lá que Ele se revelará totalmente. No alto, metáfora de que se está mais perto de Deus (o Altíssimo), é que as coisas irão realmente acontecer.

Jesus sobe e se assenta, como um bom mestre, para ensinar às multidões. Dá para imaginar o povo à sua frente ouvindo-o falar, a princípio intrigado com aquelas palavras e depois, por tudo que viviam, tremendamente consolados com o que escutavam dos seus lábios.

Jesus lhes diz de coisas que são muito mais importantes e valiosas do que a pedra preciosa encontrada no fundo do regato. Para compreendê-las melhor, é importante repetir, há que se ter passado pela crise.

Esse modo de proceder do cristão intriga e é capaz de assustar. Ele segue na contramão das ofertas do mundo para que obtenhamos sucesso. As bem-aventuranças não carregam definitivamente aquilo que a sociedade nos sugere. Essas, que não são libertadoras e, portanto incapazes de nos levar à felicidade e santidade, acabam se tornando, à luz do roteiro pregado por aí, “más” aventuranças.

Na primeira leitura encontramos a contemplação de João da festa dos santos no Apocalipse. Mostra-nos a multidão incontável dos vitoriosos que, lavados no sangue do Cordeiro, estão vestidos de branco diante do seu Senhor. É gente que passou pela crise da vida e se santificou, libertando-se das “pedras” e mantendo a fé naquele que nos salva.

A segunda leitura, tirada da primeira carta de João, quer lembrar a nossa realidade. Somos filhos de Deus. Isto é algo imenso e parece que vivemos a maior parte do tempo, sem nos darmos conta do quão grande é essa afirmação. É incrível que, mesmo sendo filhos de quem Ele é, possamos nos sentir ainda, têm vezes, com baixa alto estima e “desempoderados”. Ele nos faz e nos cria para sermos grandes, pessoas em plenitude, santos.

Para reflexão:


- As crises têm me trazido crescimento? Ou saio delas do mesmo tamanho que entrei?

- Como o “manual de instruções” dado por Jesus pode me tornar mais santo?

- Tenho consciência real de quem é o meu Pai?



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Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 28/10/2013
Alterado em 04/11/2022


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