Fernando Cyrino

Caminhando e saboreando a vida.

Textos


O que Deus quer de mim neste casamento que só me faz infeliz? Até quando continuar?

Querida Deise,
Paz!

Você me envia este e-mail, dizento se sentir muito angustiada. Conta-me da sua imensa tristeza em ver que seu casamento, já de muitos anos, não a fez feliz. Ao contrário, só lhe tem trazido sofrimento.

A primeira coisa me chama a atenção nessa sua carta é o uso repetido da palavra “sempre”. Duas vezes você a diz. Primeiro ao contar que “sempre” seu casamento foi conflituoso e depois para me dizer que “sempre” houve abuso emocional. Ou seja, não é algo que tenha nascido há pouco, ou mesmo há algum tempo. “Sempre” existiu.

Ao final você mesma se pergunta por que manter este laço que só a tortura, adoece e mesmo a está matando? Minha querida, saiba que esta resposta só você a tem. O que posso fazer é lhe dar alguns subsídios para, quem sabe, ajudá-la a clarear esta situação. Vejamos então estes dez pontos para que reflita no como agir daqui por diante.


1 – Você tem toda uma história de vida com seu marido. Com toda certeza possui bem mais tempo de convívio com ele do que sem ele. Daí que vale olhar para trás e verificar o que foi construído. Por mais que tenha havido problemas, o casamento de vocês têm frutos. Um deles me é muito evidente. Você me conta haverem três filhos. Quais os outros frutos da relação? Hora de, mais do que colocá-los na balança, verificar se o matrimônio de vocês dará ainda outros frutos. Caso ele tenha se tornado estéril ou, pior ainda, só esteja gerando frutos amargos, pode bem ser que seja a hora de viver uma vida mais feliz distantes um do outro.

2 – Numa relação de casal o diálogo é algo fundamental. Você vislumbra ainda haver alguma possibilidade de diálogo entre vocês, ou este não é mais possível, eis que a convivência está tão desgastada que um não é mais capaz de escutar o outro? Caso sinta ser impossível conversar com maturidade sobre os problemas que vivem, como manter a relação?

3 – Vocês têm sonhos em comum? Projetos para o futuro em conjunto? Nem que seja o de envelhecerem juntos? Ou aí na sua casa é cada um por si no relacionamento? Caso não esteja havendo e sinta que não haverá daqui para adiante a construção de uma obra juntos, vale se perguntar se valerá a pena continuar vivendo os dois como casal. Se não se está edificando nada em união um com o outro, será que haverá mesmo vida matrimonial?

4 – No seu e-mail fica muito claro que o respeito já foi embora há muito tempo do casamento de vocês. O que há é um eterno conflito e nele ocorrem inclusive abusos, que aqui traduzo como desrespeito. Você sente a possibilidade de haver uma mudança neste cenário? Ou a falta de respeito pressente que será mantida dessa forma como está, ou a sua tendência é de crescimento?

5 – Como os filhos vêem o casamento de vocês? É sempre bom nesta hora, considerando serem todos adultos e maduros, conversar com eles e lhes perguntar como estão enxergando a situação em casa? Diga-lhes da sua grande dificuldade e lhes conte o que tem sentido. Por muito tempo você foi conselheira deles. Não terá chegado a hora deles serem seus conselheiros? Mas não queira jamais que eles decidam por você. E muito menos precisará acatar o que eles acharem que seja o mais adequado para você. Esta decisão, repito, é só sua e caso a tome num sentido em que eles não concordem, mesmo assim eles deverão respeitá-la.

6 – Você tem um casamento que a realiza e a faz se sentir bem como pessoa humana, ou vive inserida num verdadeiro inferno? Caso sinta que esteja vivendo nesse caldeirão – não em um determinado momento, mas sempre ou muitas vezes nele – precisa saber que Deus não quer nenhum filho ou filha dele existindo assim, tão tristemente.

7 – Como vê o futuro? Vou lhe propor um exercício bem simples para auxiliá-la nesse aspecto. Procure se imaginar bem velhinha, idosa mesmo. Contemple-se conversando com uma netinha, ou bisneta, sobre a decisão que agora precisa tomar. O que contará para ela?

8 – Caso se decida a terminar o matrimônio, que talvez já nem mais exista, por tudo que me relata, tem consciência dos seus direitos? Saiba que precisará consultar um bom – e de confiança – advogado. Nesse caso voltamos ao ponto cinco e vale verificar também se terá o suporte dos filhos para esta partida.

9 – Como Deus está entrando nessa história tão pesada e triste? Tem conversado com Ele sobre o seu drama? Tem, na oração, dito a Ele do seu sofrimento? Nessa hora é importante aumentar o tempo de orar. É importante ter o apoio da comunidade, dos amigos e principalmente de Deus. Ele te ama e te quer feliz. Fale com Ele sobre o conflito que está vivendo. Peça que a ilumine e a ajude a tomar a melhor decisão.

10 – Você é filha de Deus e Ele a cria para ser feliz. Para se realizar como mãe, esposa e mulher. Acaso não esteja conseguindo encontrar a felicidade, num desses cenários aos quais se sentiu vocacionada, precisa refletir e ponderar que passos deverá tomar. Qualquer que seja a decisão, pondere bem para não se arrepender depois. Por último, minha amiga, peça a Deus que lhe dê coragem. Sim, coragem para enfrentar com vigor a crise e assim sair mais forte dela e ser uma pessoa mais integrada, mais realizada, mais feliz.

Daqui distante rezo por você, conto também com suas orações.
Receba o meu abraço fraterno,
Fernando.
Fernando Cyrino
Enviado por Fernando Cyrino em 03/08/2013
Alterado em 03/08/2013


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